"O romantismo inicia-se na Europa com a subida ao poder da classe burguesa e a consequente revisão dos valores a que procedeu. Quem diz classe burguesa diz também revolução industrial e urbanização intensiva, primazia do indivíduo, etc. Mas, diz, igualmente, desajustamento, porquanto toda a ecologia social sofre profunda pertubação. Os quadros das elites estouram, e quem se encontra de repente solto no espaço e no tempo é o poeta, é o artista, já sem Mecenas, sem audiência e ainda sem Estado que o proteja.
É a partir do século XIX que se abre o abismo até hoje existente entre a inteligência pura, a sensibilidade requintada, e a inteligência prática, a sensibilidade grosseira da maioria. Daí a princípio, a revolta do poeta e a seguir seu hermetismo. Durante decênios, os mesmos temas da solidão, da incompreensão, da predestinação vão repetir-se sob variadas formas. O continente muda, mas não o conteúdo e, entre uma canção de Heine e uma poesia de Verlaine, de Laforgue ou de um moderno qualquer, as afinidades são inúmeras."
(extraído de "Introdução às obras-primas da poesia universal")
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
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