quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Jacobsen- Niels Lyhne
"Não eram só os jovens que pregavam o novo Evangelho que mandava demolir para aperfeiçoar. Havia também homens maduros, cujo nome gozava de consideração, e que acolhiam as idéias novas com expressões aliás mais abrangentes que as dos moços; sabiam adornar melhor as suas concepções, invocavam nomes dos séculos passados, nunca lhes faltava o auxílio da história, a história do mundo, a história do espírito humano, a odisséia das idéias. Eram homens que em sua juventude tinham sido e tinham dado testemunho do mesmo espírito que agora possuía esses mais novos; é verdade que, depois de chegarem à conclusão de que falavam no deserto, isto é, de que estavam sós, tinham emudecido; porém os moços só se lembravam do que estes homens tinham dito, não se lembravam do tempo em que tinham silenciado, e estavam prontos a homenageá-los com coroas de louros e palmas de martírio, felizes por poder admirá-los. Aqueles que eram alvo dessa admiração não recusavam esse tardio reconhecimento do seus méritos, aceitavam de boa fé as coroas, consideravam-se já engrandecidos aos olhos da História, retocavam poeticamente o que havia de menos heróico em seu passado e, quanto às suas antigas convicções, que o desfavor dos tempos arrefecera, declamavam-nas de novo, calorosamente."
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