(Fragmentos)
trad: Geir Campos
1.
A pé e de coração leve
eu enveredo pela estrada aberta,
saudável, livre, o mundo à minha frente,
à minha frente o longo atalho pardo
levando-me aonde eu queira.
Daqui em diante não peço mais boa-sorte,
boa-sorte sou eu.
Daqui em diante não lamento mais,
não transfiro, não careço de nada;
nada de queixas atrás das portas,
de bibliotecas, de tristonhas críticas;
forte e contente vou eu
pela estrada aberta.
A terra é quanto basta:
eu não quero as constelações mais perto
nem um pouquinho, sei que se acham muito bem
onde se acham, sei que são suficientes
para os que estão em relação com elas.
(Carrego ainda aqui
os meus antigos fardos de delícias,
carrego — mulheres e homens —
carrego-os comigo por onde eu vou,
confesso que é impossível para mim
ficar sem eles: deles estou recheado
e em troca eu os recheio.)
11.
Ouça-me! Eu vou ser franco com você:
não ofereço velhos prêmios fáceis,
o que ofereço são novos prêmios difíceis.
Eis como hão de ser os dias que lhe podem suceder:
você não acumulará riquezas, assim chamadas,
distribuirá com mão pródiga
tudo o que venha a adquirir ou ganhar,
nem bem chegando à cidade à qual era destinado
dificilmente se há de estabelecer
e ter alguma satisfação
sem que ouça um apelo irresistível
a de novo partir,
terá de acostumar-se às zombarias
e aos risonhos irônicos
dos que forem ficando para trás,
aos acenos de amor
que receber
você dará em resposta
somente apaixonados beijos de despedida,
e não permitirá
o abraço das pessoas que vierem
com as mãos suplicantes
em sua direção.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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