"Nunca esperaria isso de mim?...Eu mesma tinha ridicularizado tantas vezes a sociedade e suas tolices convencionais, sua moral padronizada, seu termômetro da virtude
(...)
é verdade que nós mulheres podemos nos libertar por algum tempo, quando alguma coisa aconteceu em nossa vida que nos abriu os olhos para o impulso de liberdade que apesar de tudo possuímos; mas não o suportamos. Trazemos no sangue uma paixão pelas coisas corretas, corretíssimas...Até mesmo pelo que haja de mais exagerado em matéria de puritanismo. Não suportamos viver em conflito com aquilo que é aceito pelo comum dos mortais. No íntimo achamos que eles têm razão, porque são eles os que julgam, e inclinamo-nos dentro de nossos corações diante das suas sentenças e sofremos, por mais que afetemos um ar de bravata. Não nos importa, a nós, mulheres, sermos exceções, não fazemos caso disso, Niels; seríamos tão estranhas, seríamos interessantes talvez, porém...Pode compreendê-lo? Acha que isso é lamentável? No entanto, devia compreender que me fizesse uma estranha impressão o fato de voltar ao meu ambiente de outrora. Surgiam tantas lembranças - sobretudo a de minha mãe, de suas idéias; tinha a sensação de que voltara ao porto; tudo tão pacífico e certo...Bastava que eu me prendesse a isso tudo, e seria perfeitamente feliz o resto de minha vida. E eu me deixei prender, Niels."
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